O presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, participou em 16/05/2015 do Fórum Internacional de Presidentes de Colégios, Conselhos, Institutos e Ordens de Arquitetos do American Institute of Architects (AIA), realizado em Atlanta (Estados Unidos). O tema desse ano foi “Impacto”, tendo por objetivo contribuir para a ação conjunta dos arquitetos e urbanistas na realização de um mundo mais saudável, sustentável, resiliente e equitativo.
Em seu depoimento, o presidente falou do impacto do vertiginoso processo de urbanização do Brasil em curto espaço de tempo. O século XX começou com 12% da população brasileira residindo em áreas urbanas e encerrou com 80%. Em 2010 já alcançava 84%.
“O impacto de processos assim, ocorridos sem planejamento adequado e limitados fortemente por lógicas mercadológicas, é majoritariamente negativo e resulta no surgimento de periferias urbanas ocupadas por populações marginalizadas. São as parcelas mais pobres do povo, os herdeiros do trabalho escravo, os imigrantes e seus descendentes”, disse Haroldo Pinheiro.
“Por mais que essa verdade seja por todos conhecida há tempos, pouco se fez para alterar o quadro. O maior programa habitacional do Brasil, ora em curso, foi concebido por diretrizes de particular interesse do mercado de crédito imobiliário e da indústria da construção. A contribuição técnica que os arquitetos e urbanistas poderiam oferecer é ainda incipiente e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, assim como o IAB e outras associações de arquitetos, têm trabalhado, junto ao Governo e no Congresso Nacional, para tratar a ocupação do território e a construção das cidades como Política de Estado e com maior participação de técnicos qualificados”.
AÇÕES SIMPLES – Em paralelo às necessárias discussões teóricas que tratam dessas questões, o presidente do CAU/BR defende o reforço de ações práticas já consagradas e conhecidas, oferecendo alternativas às enormes, impactantes, mas igualmente demoradas, obras de infraestrutura. Ações menos ou mais simples – tais como:
– o tratamento local de águas servidas em pequenas centrais, nos próprios bairros ou edificações, para reuso imediato;
– o melhor aproveitamento de iluminação e ventilação naturais;
– a promoção da acessibilidade universal, para deficiências físicas diversas, nos edifícios e espaços públicos;
– a Arquitetura da melhor qualidade para os equipamentos públicos a serem construídos nos assentamentos mais pobres, nas periferias das cidades;
– a construção responsável e menos impactante, realizando mais área com menor utilização dos recursos que a Natureza nos oferece;
– a reorganização das cidades, e a conectividade urbana responsável, reduzindo distâncias entre moradia e trabalho, e serviços, e diversão.
“Tais atitudes se apresentam agora como determinações éticas universais, já bem entendidas por todos e disponíveis para inclusão no ensino e para utilização na prática profissional cotidiana da Arquitetura e Urbanismo nestes novos tempos. São iniciativas que resultarão naturalmente em novo desenho, a nova estética dos edifícios e cidades do Século XXI. Hoje, como antes, invariavelmente decorrentes da evolução cultural e tecnológica, assim como da consciência social dos arquitetos no serviço à sociedade e em contribuição ao tempo em que vivemos”.
“Uma mudança de tamanho significado exige determinação e perseverança. A Conferência Habitat III, que o UN Habitat promoverá em Quito, no Equador, em 2016, oferecerá nova oportunidade de avanços. Da mesma forma, os próximos congressos da UIA: em Seul, no ano de 2017, sob o tema “Alma da Cidade”; e no Rio de Janeiro, em 2020, sob o tema “Todos os mundos, um só mundo. Arquitetura 21”, evento que esperamos contar com a importante presença de todas as entidades componentes desse Fórum”, encerrou o presidente do CAU/BR.
CONFERÊNCIA – O Fórum Internacional de Presidentes de Colégios, Conselhos, Institutos e Ordens de Arquitetos é uma iniciativa do AIA e ocorre em paralelo às conferências da entidade, que este ano contou com cerca de 18 mil participantes. Bill Clinton realizou a palestra de abertura.
Fizeram parte do Fórum:
Mesa Diretora: a presidente do AIA, Elizabeth Chu Richter; o presidente eleito para 2016 do AIA, Russel Davidson; o chefe do Gabinete do AIA, Robert Ivy; o coordenador do Comitê de Prática Profissional do AIA, George Miller; o presidente do NCARB, Dale McKinney; a diretora Executiva do National Architectural Accrediting Board (NAAB), Andrea Rutledge; e o diretor Internacional da União Internacional de Arquitetos (UIA), George Kunihiro.
Outros depoentes, além do presidente do CAU/BR: o presidente da UIA, Esa Bin Mohamed; o presidente da Federação Panamericana de Associações de Arquitetos (FPAA), João Suplicy; o presidente da União Africana de Arquitetos (AUA), Tokumbo Omissore; o presidente do Conselho Regional de Arquitetos da Ásia (ARCASIA), Sathirut Nai Tandanand; o presidente do Colégio de Arquitetos da Costa Rica (CACR), Edwin Gonzáles Hernándes; a presidente da Federação dos Colégios de Arquitetos da República Mexicana (FCARM), Isabel del Carmen Espinosa Segura; o presidente do Real Instituto de Arquitetos do Canadá (RAIC), Samuel Óghale Oboh; o presidente da Sociedade de Arquitetos da China (ASC), Che Shujian; o presidente do Instituto Australiano de Arquitetos (IAA), Jon Clements; o presidente da Federação de Institutos de Arquitetos da Korea (FIKA), Kwang Woo Kim; o presidente do Instituto de Arquitetos do Japão (JIA), Taro Ashihara; o presidente do Real Instituto de Arquitetos (RIBA), Stephen Hodder; o presidente do Instituto Americano de Estudantes de Arquitetura (AIAS), Charlie Klecha.