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CAU/PA participa dos debates sobre o Projeto Amazônia

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Pará está participando ativamente dos debates do Projeto Amazônia – Arquitetura e Urbanismo para um futuro sustentável, que visam a construção de um documento com propostas de desenvolvimento urbano sustentável da Amazônia Legal nos âmbitos da ocupação do território, da edificação e do meio ambiente.

O documento elaborado será apresentado no 28° Congresso Mundial de Arquitetos (UIACPH2023), cujo tema é ‘Futuros Sustentáveis – não deixe ninguém para trás’.  A Conselheira do CAU/PA Ana Cláudia Cardoso destaca que a iniciativa partiu da grande demanda no exterior por informações sobre a Amazônia e da necessidade de ampliar a discussão no cenário Nacional. Conheça mais sobre a proposta:

 

De que forma os debates do Projeto Amazônia 2040 podem contribuir para a mudança de perspectiva sobre esse contexto regional?

Segundo a Conselheira do CAU/PA Ana Cláudia Cardoso, no Brasil o processo de colonização da Amazônia realizado durante a ditadura militar difundiu muitos mitos e crenças associadas ao desenvolvimentismo. Uma delas foi que os habitantes da floresta não mereciam o status de humanos e que era preciso povoar um vasto território. Outro foi a ideia de que as riquezas eram inesgotáveis, e que seria possível repetir os processos de colonização já praticados em outras regiões. Essas ideias foram também associadas a uma desvalorização dos padrões espaciais praticados na região e ao fato de que arquitetura e urbanismo de boa qualidade estavam associados às referências técnicas que são tomadas como universais em nosso campo. A crise ambiental sem precedentes que vivemos hoje mostra que estamos demorando a “desnaturalizar” estas crenças e a reavaliar as políticas que geraram devastação e exclusão social na região.

 

Qual a importância do CAU levantar esse debate?

Para a Conselheira do CAU/PA, a iniciativa do CAU tem colocado atenção em uma escala que foi pouco atendida, que é a da atuação do arquiteto e urbanista. Como esses profissionais participam disso? O quanto as intervenções do campo da Arquiteturas e Urbanismo foram alinhadas com o paradigma da mudança ou com o da resistência? Hoje temos muitas Amazônias, mas é inquestionável que há muitas semelhanças nos processos que afetam as cidades e os espaços da vida cotidiana.

Abrir o debate e permitir que essas realidades sejam melhor conhecidas por conselheiros, profissionais, e pela audiência que acompanha as publicações do CAU Brasil nas mídias sociais é uma grande contribuição, e um reconhecimento de que é possível ajustar o curso.

 

Debates sobre o Projeto Amazônia

 

De que forma o CAU/PA pode contribuir para o Projeto Amazônia 2040?

Ana Cláudia Cardoso afirma que no Pará temos o único programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo da Região, e o curso de arquitetura e urbanismo mais antigo. Já se passam duas décadas desde que os primeiros doutores da área foram formados e iniciaram um processo de sistematização e produção de conhecimento que, por vezes, é mais específico e, por vezes, mais apoiado por conhecimentos interdisciplinares (em Belém temos muitas instituições de pesquisa e muitos grupos de excelência em pesquisa sobre a Amazônia). Também contamos com a pós-graduação do Naea, que sempre foi uma referência nacional e internacional no debate sobre a Amazônia e formou muitos arquitetos no âmbito da pós-graduação. A Conselheira acredita que desde a academia, e em especial da pós-graduação, foram mobilizados conhecimentos que têm sido incorporados pelas novas gerações e começam a produzir novas visões e compromissos sociais e ambientais. Assim, o CAU PA tem uma condição diferenciada de participar deste debate.

A participação da Conselheira do CAU/PA nos debates foi marcada pelo seu vasto conhecimento prático (em experiências de planos diretores e ações de campo) e teórico (por meio de reflexões apoiadas no diálogo com outras disciplinas), com mais de duas décadas de atuação. Isso permitiu que ela abordasse os resultados de suas pesquisas, oferecendo uma narrativa que reconhece as potencialidades que a região contém para sustentar uma mudança necessária da sociedade de consumo para a sociedade sustentável.

 

Qual a mensagem que o Projeto Amazônia 2040 pretende levar para a UIA 2023?

“Creio que tenhamos a possibilidade de oferecer maior acuidade sobre quem somos, que espaços produzimos, e de que condições precisamos para manter a floresta em pé, e com ela as populações que sabem manejá-la. Manter a floresta é importante para produzir alimento, ar e água, elementos fundamentais para a vida. E isso precisa ser valorizado quando há uma pressão para homogeneizar modos de vida e paisagens no mundo. Aqueles que têm sido excluídos, deixados para trás, são exatamente os herdeiros do saber que pode nos ajudar a regenerar paisagens hoje. Isso significa ampliar nosso repertório profissional de modo a incorporar as soluções que até aqui foram vistas como atrasadas, mas que podem ser portadoras de esperança de um mundo melhor no futuro” aponta Ana Cláudia Cardoso.

Não deixar ninguém para trás é a palavra de ordem da UIA, e que para nós indica a conciliação necessária entre interesses e expectativas de como produzir cidades, habitats e moradias.

Saiba mais sobre o assunto:

PROJETO AMAZÔNIA 2040: ARQUITETOS E URBANISTAS DISCUTEM NOVAS FORMAS DE HABITAR A FLORESTA

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