Ver-o-Peso: patrimônio histórico arquitetônico e cultural do Pará e do Brasil.
Encerra no final de maio o prazo para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) concluir o relatório sobre as contribuições recebidas na consulta pública sobre o projeto da Prefeitura de Belém referente à reforma do Ver-o-Peso. “O Iphan fará uma nota técnica, absorvendo as contribuições que a gente recebeu. E vai encaminhar à Prefeitura, que vai enviar à empresa para os ajustes no projeto e reapresentação ao Iphan”, disse a superintendente do Iphan no Pará, Maria Dorotéa de Lima.
O IPHAN decidiu, em comum acordo com o Ministério Público Federal – Pará (MPF-PA), abrir a consulta pública para coletar as críticas e sugestões de melhorias ao projeto porque a proposta oficial da prefeitura de Belém foi bastante contestada e causou polêmica. Os feirantes que trabalham na maior feira libre da América Latina alegam não terem sido ouvidos pela prefeitura e o projeto apresentado não atendia a necessidade dos trabalhadores. Por isso,
As contribuições recebidas foram apresentadas em uma audiência pública no dia 8 de abril. O parecer do CAU/PA foi o único que mereceu destaque, sendo citado pelos técnicos do IPHAN. “O CAU/PA foi o único que levantou a questão da autenticidade como conceitode preservação. Há uma dinâmica da própria feira que não foi considerada no projeto oficial da prefeitura. É importante reconhecer que o principal diferencial da feira não está vinculado à configuração arquitetônica, mas sim à sua dinâmica sócio cultural, que atribui ao local importância como patrimônio cultural da Cidade, do Estado, do País”, explica a conselheira do CAU/PA Alice Rosas, coordenadora da comissão.
Alice Rosas lembra ainda que o Ver-o-Peso está inserido em um sítio histórico tombado e que qualquer intervenção a ser realizada no espaço deve dialogar de forma harmônica com o seu entorno, respeitando a ambiência do conjunto arquitetônico que compõe o complexo. “O Termo de Referência elaborado pela prefeitura não deu um direcionamento para o projeto”, avalia Alice.
Principais alterações- Entre os pontos que precisam ser revistos, segundo o parecer do CAU/PA, ela cita o rebaixamento da plataforma elevada na feira; qual será a solução para a recuperação (ou restauração) do mole e solução de drenagem de águas pluviais relativa as galerias existentes sob a feira; o projeto cria um átrio interno com jardim, delimitado pelo posicionamento dos vestiários na parte central da cobertura maior da feira, criando mais um elemento na feira que necessitará de frequente manutenção e que pode atrair outros vendedores informais ou uma possibilidade de ampliação do espaço para comercialização de plantas; a localização dos vestiários no centro da feira também cria uma obstrução visual de algumas barracas.
Outro problema é em relação às exigências da vigilância sanitária em relação à comercialização de açaí, polpa de frutas e animais vivos torna estas atividades incompatíveis com a feira. “A solução proposta de criação de barracas com vedação em vidro temperado e climatizadas cria um outro problema referente à possibilidade dos demais feirantes copiarem a solução e adaptarem também as suas barracas, segundo o mesmo padrão, o que resultará na transformação das barracas em lojas”, aponta o parecer do CAU/PA. “A lógica do comércio informal é a exposição das mercadorias para os passantes, portanto, o que pode resultar na mesma situação ocorrida com os ambulantes do Espaço da Palmeira, os quais abandonaram as barracas e foram expor seus produtos na calçada, onde estes teriam melhor visibilidade”, ressalta Alice Rosas.
Além disso, o parecer enumera outros problemas: a solução de vedação da lateral da cobertura em venezianas não protege das chuvas mais intensas típicas dessa região; a quantidade de pontos de comercialização (barracas e permissionários) é crescente no espaço da feira, refletindo a falta de controle administrativo do espaço; a proposta parte para uma solução de cobertura contínua, eliminando os corredores transversais a céu aberto da feira, para garantir o maior número possível de barracas, o que resulta na obstrução da visualização do rio, descaracterizando a paisagem cultural e a ambiência do local; a paisagem cultural também é descaracterizada devido a altura gerada pela forma de cobertura proposta, com 5,63 m (cinco metros e sessenta e três centímetros), cobrindo a visão das fachadas dos casarões antigos localizados na Boulevard Castilhos França, em pelo menos 50% da fachada dos prédios, prejudicando gravemente a leitura do conjunto; e a proposta de vedação não considera o funcionamento da feira durante as 24 horas do dia, visto que esta possui uma dinâmica específica durante a noite e a madrugada, que movimenta vários setores da feira.
A prefeitura de Belém já anunciou que o projeto não vai mais ser executado em 2016, por causa ada legislação eleitoral. As propostas de mudanças serão avaliadas para aprimorar o projeto e os recursos serão garantidos no orçamento de 2017.
Encerra no final de maio o prazo para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) concluir o relatório sobre as contribuições recebidas na consulta pública sobre o projeto da Prefeitura de Belém referente à reforma do Ver-o-Peso. “O Iphan fará uma nota técnica, absorvendo as contribuições que a gente recebeu. E vai encaminhar à Prefeitura, que vai enviar à empresa para os ajustes no projeto e reapresentação ao Iphan”, disse a superintendente do Iphan no Pará, Maria Dorotéa de Lima.
O IPHAN decidiu, em comum acordo com o Ministério Público Federal – Pará (MPF-PA), abrir a consulta pública para coletar as críticas e sugestões de melhorias ao projeto porque a proposta oficial da prefeitura de Belém foi bastante contestada e causou polêmica. Os feirantes que trabalham na maior feira libre da América Latina alegam não terem sido ouvidos pela prefeitura e o projeto apresentado não atendia a necessidade dos trabalhadores. Por isso,
As contribuições recebidas foram apresentadas em uma audiência pública no dia 8 de abril. O parecer do CAU/PA foi o único que mereceu destaque, sendo citado pelos técnicos do IPHAN. “O CAU/PA foi o único que levantou a questão da autenticidade como conceitode preservação. Há uma dinâmica da própria feira que não foi considerada no projeto oficial da prefeitura. É importante reconhecer que o principal diferencial da feira não está vinculado à configuração arquitetônica, mas sim à sua dinâmica sócio cultural, que atribui ao local importância como patrimônio cultural da Cidade, do Estado, do País”, explica a conselheira do CAU/PA Alice Rosas, coordenadora da comissão.
Alice Rosas lembra ainda que o Ver-o-Peso está inserido em um sítio histórico tombado e que qualquer intervenção a ser realizada no espaço deve dialogar de forma harmônica com o seu entorno, respeitando a ambiência do conjunto arquitetônico que compõe o complexo. “O Termo de Referência elaborado pela prefeitura não deu um direcionamento para o projeto”, avalia Alice.
Projeto oficial da prefeitura de Belém
Principais alterações- Entre os pontos que precisam ser revistos, segundo o parecer do CAU/PA, ela cita o rebaixamento da plataforma elevada na feira; qual será a solução para a recuperação (ou restauração) do mole e solução de drenagem de águas pluviais relativa as galerias existentes sob a feira; o projeto cria um átrio interno com jardim, delimitado pelo posicionamento dos vestiários na parte central da cobertura maior da feira, criando mais um elemento na feira que necessitará de frequente manutenção e que pode atrair outros vendedores informais ou uma possibilidade de ampliação do espaço para comercialização de plantas; a localização dos vestiários no centro da feira também cria uma obstrução visual de algumas barracas.
Outro problema é em relação às exigências da vigilância sanitária em relação à comercialização de açaí, polpa de frutas e animais vivos torna estas atividades incompatíveis com a feira. “A solução proposta de criação de barracas com vedação em vidro temperado e climatizadas cria um outro problema referente à possibilidade dos demais feirantes copiarem a solução e adaptarem também as suas barracas, segundo o mesmo padrão, o que resultará na transformação das barracas em lojas”, aponta o parecer do CAU/PA. “A lógica do comércio informal é a exposição das mercadorias para os passantes, portanto, o que pode resultar na mesma situação ocorrida com os ambulantes do Espaço da Palmeira, os quais abandonaram as barracas e foram expor seus produtos na calçada, onde estes teriam melhor visibilidade”, ressalta Alice Rosas.
Além disso, o parecer enumera outros problemas: a solução de vedação da lateral da cobertura em venezianas não protege das chuvas mais intensas típicas dessa região; a quantidade de pontos de comercialização (barracas e permissionários) é crescente no espaço da feira, refletindo a falta de controle administrativo do espaço; a proposta parte para uma solução de cobertura contínua, eliminando os corredores transversais a céu aberto da feira, para garantir o maior número possível de barracas, o que resulta na obstrução da visualização do rio, descaracterizando a paisagem cultural e a ambiência do local; a paisagem cultural também é descaracterizada devido a altura gerada pela forma de cobertura proposta, com 5,63 m (cinco metros e sessenta e três centímetros), cobrindo a visão das fachadas dos casarões antigos localizados na Boulevard Castilhos França, em pelo menos 50% da fachada dos prédios, prejudicando gravemente a leitura do conjunto; e a proposta de vedação não considera o funcionamento da feira durante as 24 horas do dia, visto que esta possui uma dinâmica específica durante a noite e a madrugada, que movimenta vários setores da feira.
A prefeitura de Belém já anunciou que o projeto não vai mais ser executado em 2016, por causa ada legislação eleitoral. As propostas de mudanças serão avaliadas para aprimorar o projeto e os recursos serão garantidos no orçamento de 2017.