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O que o arquiteto pode aprender com a natureza para enfrentar os desafios do futuro?

© Mert Kilcioglu and Cenk Gencer. ImageProjeto realizado por Mert Kilcioglu e Cenk Gencer durante AA VISITING SCHOOL AMAZONAS
© Mert Kilcioglu and Cenk Gencer. ImageProjeto realizado por Mert Kilcioglu e Cenk Gencer durante AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

A partir de 25 de agosto, a floresta amazônica mais uma vez será anfitriã de um workshop de Arquitetura Flutuante liderado por especialistas em biomimética e ex-alunos do WDCD, Marko Brajovic e Nacho Marti, professor da AA. Desta vez, o curso também estabeleceu um objetivo novo e emocionante: gerar ideias para o WDCD Climate Action Challenge.

O Climate Action Challenge servirá como força motriz e tema central para a edição de 2017 deste workshop realizado pela Architectural Association (AA). Durante oito dias, estudantes de todo o mundo estarão modelando, prototipando e trabalhando em propostas de soluções arquitetônicas que podem se adaptar às variações de maré e aumentos extremos do nível da água.

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Estudantes utilizando o transporte local do Lago Mamori. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Estudantes utilizando o transporte local do Lago Mamori. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

As exuberantes margens do Lago Mamori e as espécies flutuantes que o chamam de lar, fornecerão a inspiração crucial. Todo o processo criativo será documentado e o resultado final apresentado como uma proposta para o Climate Action Challenge.

Faltando apenas algumas semanas até o início do workshop, conversamos com os diretores da oficina – uma equipe composta por Marko Brajovic, Nacho Marti e Alessandra Araujo, especialista em biomimética – sobre suas expectativas para o curso e o papel da arquitetura na ação climática.

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Estudantes Gabriel e Alice desenvolvendo suas ideias. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Estudantes Gabriel e Alice desenvolvendo suas ideias. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Vocês estão prestes a entrar na floresta amazônica para a 3ª edição do workshop de arquitetura flutuante. Qual é a inspiração por trás deste programa?

Nacho Marti: Fazemos oficinas na Amazônia brasileira por mais de dez anos e acreditamos que há lições importantes a serem aprendidas na maneira como a natureza resolve problemas. Usamos a incrível riqueza da floresta amazônica como um laboratório criativo para conectar os participantes com a natureza e desafiar suas criatividades com acesso limitado à tecnologia.

Além disso, muitas das questões que afetam a área do Lago Mamori são questões globais. Ao longo dos anos, ficamos maravilhados com as mudanças radicais nos níveis de água do lago devido à variação das chuvas nas estações secas e úmidas. Estas mudanças criam um relacionamento bonito entre os locais e o meio ambiente. No entanto, quando os níveis de água aumentam demais, ele tem consequências devastadoras. Este é um problema global e devemos aprender com a natureza como criar ambientes mais adaptáveis e resilientes.

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© Gabriel Brugnara. ImageProjeto Fasano Mamori por Gabriel Brugnara, realizado durante AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

© Gabriel Brugnara. ImageProjeto Fasano Mamori por Gabriel Brugnara, realizado durante AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Este ano, o tema do workshop tem como foco o WDCD Climate Action Challenge. Como vocês enxergam a importância do envolvimento dos arquitetos perante questões da mudança climática?

NM: A indústria da construção tem um enorme impacto no meio ambiente. De acordo com o Manual de Brown e Bardi para avaliação energética, 50% das emissões de gases de efeito estufa podem ser atribuídos aos edifícios. Portanto, é imperativo que os arquitetos aprendam a desenvolver estratégias de projeto que sejam simpatizantes com o meio ambiente, criando edifícios lindos e confortáveis. Existem diversas pesquisas que associam a beleza do ambiente construído ao bem-estar mental humano; mas também queremos que esses ambientes construídos promovam o bem-estar do planeta.

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Maquetes realizadas pelos estudantes que exploram a estrutura de madeira. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Maquetes realizadas pelos estudantes que exploram a estrutura de madeira. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Este workshop ocorre na floresta amazônica. Mas o aumento do nível do mar e o clima extremo são problemas globais e cada vez mais urbanos. Quais são as lições que a cidade pode aprender com a floresta?

Alessandra Araujo: A floresta tropical é o ecossistema mais desenvolvido da Terra e é medida por vários parâmetros, como ciclos de energia, fluxos de materiais, diversidade de padrões, especialidades de nicho e estabilidade do sistema. É muito complexo e, na verdade, esses parâmetros ecológicos são totalmente adequados como indicadores urbanos.

Cidades e florestas também possuem arquitetura similar. Ambos têm camadas de ocupação dentro de seus próprios indivíduos, necessidades e conexões. Os indivíduos florestais apenas sobrevivem porque pertencem a um rico sistema interdependente e colaborativo. Por outro lado, a maior parte do planejamento urbano não possui sensibilidade às redes e à colaboração. Em vez disso, vemos muita segregação e núcleos de pessoas e sistemas isolados. A maioria das cidades também desperdiça muita energia: consumindo mais do que elas colocaram de volta no sistema. Como bióloga, vejo uma grande oportunidade em aprender da floresta. Ela pode nos ensinar muito sobre a integração da vida em suas diversas formas e a conservação de nutrientes através dos ciclos fechados de materiais e energia.

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Estudantes voltando de uma visita de campo. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Estudantes voltando de uma visita de campo. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Qual a maior preocupação que vocês possuem sobre a maneira como lidamos com a mudança climática?

AA: Me preocupo com a educação. Ainda há muitas pessoas que não entendem o que está acontecendo, porque enfrentamos desafios e como melhorar a situação. Mas acredito que as crises representam oportunidades e que, talvez, devamos passar por isso para rever nossos estilos de vida e se adaptar. A natureza possui crises o tempo todo, mas depois do caos, sempre encontra seu equilíbrio. Eu acredito que nós também podemos encontrar – como parte da natureza – nosso próprio equilíbrio.

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O que o arquiteto pode aprender com a natureza para enfrentar os desafios do futuro?, © Daniel Athias. ImageProjeto realizado por Daniel Athias durante AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

© Daniel Athias. ImageProjeto realizado por Daniel Athias durante AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Algum conselho para outros arquitetos que pensam em enviar algum projeto ao Climate Action Challenge?

Marko Brajovic: A arquitetura desempenha um papel importante como força transformadora, não apenas no nível de infraestrutura, mas também como estado de espírito e materialização das forças sociais e políticas. Essa manifestação reflete nosso presente e propõe nosso futuro. Desta forma, a arquitetura não é apenas uma profissão, é principalmente uma atitude que deve expressar visões humanistas profundas e genuínas. Lembre-se também de que a arquitetura é uma integração orgânica de nós mesmos como seres humanos com o planeta – incluindo todas as suas forças naturais.

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Co-diretor Marko Brajovic assessorando o trabalh ode um estudante. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

Co-diretor Marko Brajovic assessorando o trabalh ode um estudante. Image Cortesia de AA VISITING SCHOOL AMAZONAS

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Interessado? O workshop da Architectural Association Visiting School Amazon será realizado de 25 de agosto a 2 de setembro de 2017. As inscrições podem ser feitas até 18 de agosto aqui.

Chegar na Amazônia não é um plano viável? Saiba mais sobre o design com a natureza através do livro de Brajovic lançado em 2016, In Nature We Trust, que agrupa suas experiências como arquiteto e inclui muitos dos projetos inovadores concluídos em seu multidisciplinar Atelier Marko Brajovic, em São Paulo.

Deseja enviar suas próprias propostas ao WDCD Climate Action Challenge? Visite nossa plataforma para se inscrever ou saiba mais sobre por que a água é um dos 5 tópicos-chave quando se trata de impactos nas mudanças climáticas. As inscrições serão aceitas até 24 de setembro de 2017.

fonte: ArchDaily Brasil.  <http://www.archdaily.com.br/br/877295/o-que-o-arquiteto-pode-aprender-com-a-natureza-para-enfrentar-os-desafios-do-futuro>

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